A orelha foi cortada
na afiada faca do dizer
e sangra quieta, amputada.
Ao modo da boa intenção,
fez-se um mal súbito,
decúbito, dilaceração.
Esse malfazejo bem que corre
além do limite de velocidade,
salta pela boca em verbo,
colide contra o poste,
agoniza entre as ferragens.

Para o socorro, sorriso de esmola!
Moeda na cartola, mágica do coelho.

Enche-se o pulmão indigno
com um signo de ar puro,
incompatível.
Agora, as desculpas.

(tosse)

Engasgo, expectoração.
E o coração falha
e eu falho
e nós falhamos.

Que
 outras
    orelhas
       floresçam
      em
    nossas
cabeças.

Para toda ofensa, a reconsideração.

São Paulo

Felix Ventura
© Todos os direitos reservados