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Mais uma vez acordei no meio da madrugada.
A penumbra do quarto, os lençóis, a cama vazia.
Lá fora, a chuva fina a tornar a noite mais fria.
E eu, sem mais dormir, o resumo de mim é o nada.

Distante, o som de um bordel me chama a atenção.
Um bolero latino, que diz da angustia e da dor,
Faz aumentar em mim, ainda mais o amargo sabor,
Do abandono, do desespero, da tristeza e da solidão.

As horas lentas e lá fora, finalmente o silencio da rua.
Mais uma noite, sem dormir direito, uma espera infinita.
O terço na mão, a oração a advir de uma alma aflita.
Somente Deus pode trazer de volta a presença tua.

Finalmente o dia vem nascendo como uma criança.
Amanhece, a luz do sol a brilhar pela janela aberta;
As pessoas a preencher os espaços da rua deserta.
Meu rosto abatido, porem no íntimo uma esperança.

Quando voltares, linda, eu feliz te chamarei rainha,
Quero te ver chegar a mim, sem mágoas e rancores.
O teu perdão vai aliviar para sempre minhas dores.
Arrependido, nos teus pés, te farei somente minha.

Nas leituras que fiz sobre obras dos grandes poetas do Brasil, um deles me chamou a atenção, pela forma como bem escrevia, sobre as coisas da alma e do amor sofrido. O legado poetico de J.G de ARAUJO JORGE, para mim sempre foi um referencial, quando busquei inspiração para falar da dor de quem ama. A poesia que fiz sob o título ¨Abandono¨ é uma criação bem ao estilo da imaginação do grande poeta acreano.

Macapá-AP