Sem limites

 
Aberta aos amores,
amanheço.
Pensamentos se aglomeram
 espaçosos onde transito.
Desvaneço.
Sou cores sem nuances,
acordes sem canção,
caminhos sem atalhos…
Ávida aos prazeres
de compactuar com a lua
suas melhores fases,
sorver os anoiteceres.
A mente vai, o corpo não.
Já não acompanho o vento.
Quebrei meu violão.
O tempo me espera na esquina
(meio que à contramão)
onde meus sonhos adormecem.
Quero vivê-los outra vez.
Acordá-los para um samba-canção,
um rock a Janis Joplim,
um tango, el bandoneón.
Um blues em flauta doce,
uma cerveja, um agridoce.


Preciso parar as horas
que  limitam chegar.
Ainda falta tanto pra caminhar…
Falta uma vida…
Aquela que sonhei
e desperdicei
pedindo para me esperar.
Agora ela pede calma
e minha alma aflita, desalma,
em resistência as leis da existência.
Não terminei minha dança,
nem fui onde a emoção alcança.
Não colhi a flor da serra
 nem bebi água vertida,
não me tornei sal da terra,
não curti o bom da vida.
Mas o tempo não dá trela.
Adormeço.
A inquietude me vela.
Amanhã recomeço.




Carmen Lúcia