Suada

Uma açucena aberta,

Despida dos seus medos,

Das suas inseguranças

Se lança num voo rasante,

Aterriza entre os lençóis da minha cama

Bendita seja essa hora de pecar,

Essa hora de olhar

Todas essas flores no seu ventre,

De sentir o seu coração disparar

Feiticeira com halito de virgem

Uivando,

Gemendo os seus desejos mais ocultos

Nesse delicioso gesto de entrega,

Doce a cada mordida,

Rasgando princípios tão retrógados

Molhada,

Ardendo,

Suada de tanta vadiagem,

Tão à vontade

Gozando a liberdade de ser você

Num dia como outro qualquer,

De passagem,

Nessa fúria da maré

Era coisa de momento

Febre que queima por dentro

Embaçando o espelho do banheiro

Você alí de joelhos

Melando de vermelho preconceitos,

Coerência,

Abandonando a conciência

Que não cabia nessa hora

Fim do combate,

Um cansaço,

Uma ardência

E nenhuma culpa,

Um olhar de quem sente prazer

Em ter perdido a luta.

 

 

 

Tatiane Correia Silva - Compositora/Poeta (SALVADOR-BA)
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