Uma açucena aberta,
Despida dos seus medos,
Das suas inseguranças
Se lança num voo rasante,
Aterriza entre os lençóis da minha cama
Bendita seja essa hora de pecar,
Essa hora de olhar
Todas essas flores no seu ventre,
De sentir o seu coração disparar
Feiticeira com halito de virgem
Uivando,
Gemendo os seus desejos mais ocultos
Nesse delicioso gesto de entrega,
Doce a cada mordida,
Rasgando princípios tão retrógados
Molhada,
Ardendo,
Suada de tanta vadiagem,
Tão à vontade
Gozando a liberdade de ser você
Num dia como outro qualquer,
De passagem,
Nessa fúria da maré
Era coisa de momento
Febre que queima por dentro
Embaçando o espelho do banheiro
Você alí de joelhos
Melando de vermelho preconceitos,
Coerência,
Abandonando a conciência
Que não cabia nessa hora
Fim do combate,
Um cansaço,
Uma ardência
E nenhuma culpa,
Um olhar de quem sente prazer
Em ter perdido a luta.
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