Utopia

Não há chão para meus pés.
As escolhas foram em vão.
Banho-me em igarapés
cercados de ilhas, isentos de vãos.
Sem a correnteza do rio
ou o renovar de cada instante
de todo dia que vem desfilar.
Quando eu for embora
sei que irei vazia,
meu coração aqui irá ficar.
E minh’alma dançará
pelos cantos das esquinas
com minha fantasia
e aquela música que tocará.
Perdi-me em versos, em pobres rimas
buscando poetisar o brilho do universo.
In versos, fiquei por lá.
Ninguém sequer me via, me lia
ou compreendia minha poesia.
Fala-se em ódio, polarização.
Entre os seres, a desunião.
Falas que não competem ao poeta,
atitudes inversas a sua religião.
Jogo a toalha no chão.
Talvez me vá para sempre
ou volte algum dia.
Tentar abraçar a utopia.

Carmen Lúcia