A gente espera

de novo o dia raiar,
a noite chegar,
o galo de novo cantar
mais uma vez…e outra.
Reforma no “quartel de Abrantes”.
Tudo está como era antes.

A gente espera…

Um dia… Não tem hora.
Não carece ser agora.
(Com cautela, não atrela.)
O cessar da bala perdida
que certeira, levou uma vida.
Mais uma…e tantas…
A dor escrever outra história.
A dela, a sua, a nossa agora.
Guardada na memória
dos que a tem.
Aí entra o coração…
Reconstruí-lo? Quem?

A gente espera

o rufar dos tambores,
o fim dos clamores,
o tempo de paz…
A justiça di-vagar
sobre injustiças sociais,
intolerância, preconceito,
a hipocrisia virar preceito,
as emendas (in)constitucionais
(em sigilo que se faz.)

A gente espera

o tempo passar,
o crime continuar perfeito,
o bandido nunca ser suspeito,
num mundo desigual
onde ser de mentira é normal.

A gente espera, se cansa,
recua, avança…
E cumpre o destino
de sempre esperar...

(até o mundo acabar)

 

Carmen Lúcia