A Epicuro e aos Ateus.
Se Deus existe? E se existir sem forma?
E se, afinal de contas, não existir?
Como saber? O que dizer? O mundo se transforma
Com passos lentos, com um rápido derruir.
Concedamos que existe um infinito poder superior.
Tudo pode, com um esmagador poder.
Se tanto pode, por que há o mal e o terror?
Se é imenso, por que temos de sofrer?
Existência sem face a qual tudo pode criar,
Entretanto, quem ou o quê, em suma, o criou?
A aleatoriedade dos astros no universal mar?
Ou a mente coletiva de uma raça que afundou?
Pode, este ser onipotente criar uma rocha tão pesada,
A ponto de nem mesmo ele ser capaz de erguer?
Se não pode, não é onipotente e mais nada.
Se não a pode criar, também não o é e também não hemos de ser.
Questiono: Se existe tanto poder, onde está a vontade?
Onde está a sabedoria para utilizá-lo?
Tudo jogado à humanidade frágil? Para que tal responsabilidade?
Somos onipotentes nós, então? Este pensamento não calo...
Se a verdade é um paradoxo sem resolução,
Então, não existe onipotência, ou, em suma, a divindade.
Se há, não é um ser perfeito, ainda que haja a adoração.
Se não há, fiquemos à mercê da realidade...
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