Ave de arribação

 

No vazio do vôo, 
levanta o coração:
da impossibilitada estadia.

Aquelas terras te esperam,
novos amores por ti clamam
e sem que sejas notado,
novamente voejas...

É busca de sonhos novos?
O que te encanta na verdade?
Maré mansa, lua nova,
Pinguins, botos cor-de-rosa?
Amazonas, lindas donzelas?
Ventos fortes ou calmarias?
Bem que podia pousar teu canto
num mero dia pro meu encanto
e da tua ausência enxugar o pranto.

Oh pássaro fugaz, ave de rapina!
Do encanto hoje nina o sono,
fechada ferida o teu abandono.

Eterna busca à ilusão,
levanta o coração:
da impossibilitada estadia.

À berma sempre o sinismo,
do paradeiro o eterno incerto.
É teu coração o desespero,
sem remédio para esta dor,
foges de ti mesmo: avé de arribação.

 

 

Autores: Serano Manjate (Moçambique)

                       e

             Eliana Castela (Brasil)

 

 

 

Serano Manjate
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