Milésimo em que a vez primeira veio a luz

Ao olhar do recém nascido; e já inicia-se a decrepitude!

Inexorável e implacável, o relógio em sua fortitude

Vai esmagando os grãos de vida e ao pó os reduz.

 

E travamos uma longa batalha contra este déspota poderoso!

(E se existe um inimigo invencível, ele o é!).

Perderemos, todavia, pois o tempo galga com seu pé

Tudo o que somos, fomos e seremos... Impiedoso!

 

Nenhuma fórmula s'aplica a ele, nenhum conceito

De bom ou mau, caos ou justiça... Há um mero capricho

Esnobe e indiferente; neutro e impassível sobre o ouro e o lixo,

Os quais representamos no mundo... Não temos nenhum direito!

 

Suas tramas são um mistério. Quisera eu desvendar seus mecanismos!

Traz-nos a doença, guerra, mudanças - com seus artifícios.

Inalamos suas partículas inconscientemente; alimentamos vícios

E corremos, sem saber, rumo aos seus profundos abismos!

 

E entediado, como um juiz brutal e letargo,

Ele nem analisa nossa história e lança seu veredito:

Destruição e esquecimento; que seu nome sequer seja dito

A partir de então... Que tudo sobre isto seja amargo!

 

Tão formidável este raro e inquisidor inimigo...

E ele está rondando a todos, de forma onipresente.

No momento mais são e no santuário alquebrado de um demente,

Lá está o tempo, sempre a correr com eles, contigo...!

 

Determina, arbitrariamente o quanto cada um há-de viver!

E quando imploramos por um pouco mais, o caixão ele lacra!

Nada o detém e a tudo e todos este monstro massacra...

Rindo, enquanto chega a nossa temida hora de morrer!