Colibris sagram amores,
o céu abençoa flores,
a estação vem pra reinar
nos solos do Brasil...
Isenta de tal oferenda
a dor traz seu recado
num tom bem pueril
incomplacente ao que se sente,
conivente ao desacato,
agnóstica ao aparato.
Tanta beleza dispersa.
Cores esbanjam talento,
entre um bailado e outro
pincelam muros caiados,
o tempo ganho a ser gasto.
O fogo, ateado pelo homem,
ceifa vidas infantis...
destrói a construção de sonhos,
o que viria a se concretizar,
carbonizando o coração
e o verbo amar.
Borboletas safam-se dos ardis,
roçam suas asas
em feridas sangrentas
tentando aliviar.
Ei-la, Ela, Helley,
entre chamas eloquentes
morre salvando inocentes.
Balas ecoam certeiras
e as camélias alvissareiras
não deixam de se pronunciar...
Brancas, fagueiras, gentis,
exalam jatos primaveris
sobre pútridos e falsos perfis
onde a incoerência bate e volta
e a revolta é o perfume
a impregnar o ar.
Carmen Lúcia
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