As risadas arrepiantes da boca da noite
estremecem até mesmo
o esmo perdido do corpo morto
de um defunto podre sem critério
que jaz numa catacumba esquecido
na solidão de algum cemitério.
Os cabelos negros, soltos e lisos
esvoaçam rumo norte
brilhando na grande foice
da dona vigilante morte
que incessante as sepulturas vigia.
E não adianta meu amigo
querer fugir em disparada
porque chegada a hora marcada
ela te abraça sem perdão
num explosivo clarão.
E sozinho lá no oco do seu caixão
esperando a hora da marcha fúnebre
ouvirás somente gritos de desespero
e nada conseguirás fazer para sair
do seu mais profundo degredo.
E por final andarás flutuando
para o desconhecido além
enquanto uma multidão
que até sua cova irá em procisão
uns aplaudindo, outros orando
vai com Deus meu irmão.
Vanderribeiro
11/05/2017
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