MINHA BATALHA SEM FIM

Às 23:15 da noite, estou aqui sentado em frente a parede, ouvindo músicas que tomam minha mente. Pessoas passam, dirigem palavras à mim, riem, discutem coisas fúteis, discutem assuntos de relevância social, e nada parece me atingir; estou inerte? Não sei! E nem me importo. Sou invadido por um turbilhão de sentimentos, que me deixam feliz e ao mesmo tempo triste, como se o mundo fosse entrar em crise terminal. Como se minha pequena vida estivesse passando diante dos meus olhos, como flashs de luz chocando-se, me entorpecendo.
Sinto arrepios, meu olhar já está pesando, estou fixo num pensamento, e um rio começa a sair por eles, e este rio sai desesperado, como se algo o estivesse expulsando. Minhas mãos tentam contê-lo, mas não obtém sucesso, e o rio segue em disparada ao encontro do chão, se esparrama e seca.
Sentado ali, não consigo olhar o que há em volta, me sinto mal, com medo e sem vida. Parece que tudo desmoronou; sim! Desmoronou. Não tive como mentir, não acreditava mais que mentir adiantaria. Aceitei. Meu mundo desmoronou em minha cabeça. Não dá mais!
Meus sentimentos já não me deixam pensar, estou sendo atormentado. Rasgado em dois, três, quatro, cinco ou em mil pedaços, já nem consigo distinguir onde estou, se sonho ou se apenas penso estar sonhando. Queria estar ciente do que se passa neste exato momento.
Meu desejo de espantar esses pesadelos que me assombram, seja em sonho ou na realidade me deixa atormentado; que droga! Quando terei autonomia de mim? O que farei pra sair dessa zona de caos? Sou ingênuo em pensar que posso dominar meus sentimentos, e torna-los meus escravos.
Ingênuo ou fraco? Seja o que for, não tenho a receita para dominar. Sem controle e sem direção tudo cresce dentro de mim. Tudo fica guardado. Dizem que nossa mente não tem fim, e por que parece que ela está explodindo como se não coubesse mais nada? Tenho estado sobrecarregado esses anos todos, tão poucos anos, mas parecem ter sido milhares de vidas pregadas no meu ser.
Diante desse caos que me laçou, não sinto e nem tenho forças para escalar essa montanha fria e íngreme, que me puxa para baixo, me deixando quase impossibilitado de chegar ao topo; que droga! Será que algo ou alguém não virá em meu socorro? Será que ninguém percebe meu tormento? Não! Ninguém vê, ninguém se importa com o que estou sentindo, estou sozinho nessa batalha.
Mas não sinto mais vontade de lutar, não consigo me mover, minha respiração já está falha, como se as cortinas do mundo estivesse se fechando. E tudo ficando frio, sem cores. Será que estou desistindo? Que saco! Acho que estou. De onde tirarei forças para continuar, se todos já se foram? Mas ficarei aqui, esperando o alvorecer de um novo dia.
Já são 05:30 da manhã, os raios da aurora começam a surgir no horizonte, como se zombasse de mim, com suas cores radiantes estapeiam meu rosto, e apenas fico ali, sem ação e reação. Queria adormecer, mas não tenho sono e nem forças para levantar. Estou jogado no canto do muro, na parte mais escura e longínqua, onde os ratos se escodem e Medo é o rei. E naquele lugar a esperança não anda, a luz desvia, o fogo se apaga, as folhas secam, as sombras vão aparecendo e eu aos poucos estou desaparecendo.

Denilson Sthan
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