Corro contra meu transtorno
De ansiedade quase morto
Pra pegar meu carro
no alto do morro
A rua Senador Pompeu como cúmplice
Pagando o preço dos meus passos
Levando nas costas o meu peso
Assistem de pé as prostitutas
A minha corrida desesperada
O suor salgado que me levará
A teu corpo molhado
Cheirando a amora, a pecado
Como lâminas,
Cada segundo perfurando
Ferindo, bem fundo
Aumentando a dor da saudade
Reduzindo a sanidade
Enfim a chegada em nossa casa
A luz da lua atravessa nossas cortinas
Atravessa a sala de jantar
Silhueta teu rosto, menina
A chama do fogo dança suave
A coreografia embalada por nosso momento
A vela se derrete de inveja
O vento silencia
Somente o som da tua respiração
Até os carros pararam
Já não bate mais a janela
O cheiro do tempero do nosso jantar
Mistura-se ao seu
Mistura-se a mim
E antes que pudesse imaginar já era teu
A noite perfeita em lençóis lavados
Sem pensar em futuro ou passado
Sem destino, só presente
Meus sentidos ausentes
E você ao lado
Dois corpos, um querer embargado
Nos entrega mais uma vez
Nosso desejo exagerado.
Autor: André Xavier
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