Em qual universo me formo e vivo

Que é tão distante de tudo quanto os demais estão?

O que fiz de errado, o que me faz diferente da multidão?

Quem sou eu, o qual é digno deste crivo?

 

Não! Tirem daqui este lunático médico!

Por que sou eu o louco e não este indivíduo em branco?

Em branco tanto em vestimenta quanto em mente, para ser franco.

É melhor do que eu por conta de conhecimento enciclopédico!?

 

Certo, minha cabeça gira em astros muito distintos,

Mas não quer dizer que aqui não haja inteligência.

Sou perigoso apenas porque sob a visão do mundo, há em mim demência?

Quem não o é ao se entregar ao abismo de seus instintos?

 

Não esmaguem o maldito comprimido de diazepam!

(Não... Não quero! Deixem-me com esta ansiedade

Que é tudo o que tenho na solitude e na apreensividade

Do que sou para os outros... Deprimo-me... Careço de clonazepam...).

 

Ah! Já fui feliz quando em outra identidade "normal"...

A cisma que me toma hoje é a de um animal estranho,

De um carneiro de aço renegado por todo o rebanho

E por isto estou neste hospício reservado ao meu final...

 

E entretanto, quem não é completamente louco?

Aquela loucura isolada em atos únicos que a humanidade ritualiza

E afirma que está correta... (A enfermeira me julga e analisa...).

Sou o que sou e todos o são sendo também insanos um pouco!

 

Esta dor de ter sido tragado por uma sabedoria que declarou meu velório,

Punge-me enquanto estou amarrado nesta camisa de força,

Que me prende a um mundo que não é meu... (E minha mente que se distorça

Neste ambiente de terror ilógico que vivencio neste sanatório!).