Não consigo mais me lembrar de nossas fantasias
E nem daquelas noites de amor tão louco.
Estou velho... Minha mente falha todos os dias,
Por isso chamo teu nome, assim, tão pouco...
 
Foste a utopia da minha juventude inteira.
E eu sei que fui teu homem com H maiúsculo...
Hoje estamos decrépitos. Tens cãs sobremaneira.
E eu já não consigo enrijecer meu músculo.
 
Coitados! Nós dois juntos, na mesma alcova,
Estamos deitados, sem sequer nos vermos.
A libido de antes?! Que o tempo, daqui, não remova,
Para morrer conosco quando nós morrermos.
 
E, quando a porta do além se nos abrir, anjos ou endiabrados,
Que possamos reviver, na memória, nossos febris pecados!

Mônica Gomes
© Todos os direitos reservados