Somos árvores invernais...
Com o esforço intrépido para não permitir
Que as folhas caiam e fiquemos desnudos...
Mas a ventania varre esta vontade para longe,
E ficamos à mercê disso.
Então as folhas secas são aglomeradas
Aos pés das árvores (que somos nós)
E acende-se uma fogueira, a maior de todas,
À despeito de ser fruto da imprudência humana.
As raízes vão-se queimando, devagar...
Nesta fogueira, nossos direitos se incineram.
Aquilo que um dia foi revolução, torna-se crime.
Tudo pelo que alguns morreram para nos dar,
Vai se tornando cinzas em meio ao fogo.
E as árvores permanecem, inertes, ao serem queimadas
Juntamente de todas as leis e conquistas...
Quem haverá de salvá-las?
Quando a fogueira social há-de se extinguir?
E o que as árvores farão para se salvar,
Antes que haja um desmatamento que mata?
Enquanto escrevo estas linhas,
Só sei que a fogueira vai crescendo, assim como as dúvidas...
Licença
Sob licença creative commons
Você pode distribuir este poema, desde que:
- Atribua créditos ao seu autor
- Distribua-o sob essa mesma licença