Aqui derramo meu pranto.
Com ele a essência do mais íntimo,
do mais impenetrável de mim.
Com ele o que tenho de mais santo
e nem sei se quero o seu fim.
Lembranças que me dizem o quanto
de saudade me alcança.
Lágrimas que mais chorei
sagrando sentimentos tantos
que jamais imaginei sentir
e passaram a existir, enfim,
à medida em que me dei conta
que ser humano é assim.
Guardado em pote de cristal
num templo surreal, aqui,
para não se contaminar
visto não ter havido nada igual
e refletir, ao meio-dia, o sol,
luz a vasculhar da alma a poeira,
fuligens do tempo que se esconde
deixando a vida acontecer inteira.
Aqui derramo meu pranto.
Não houve como segurar…
Tão santo, tão brando, tão tanto.
Das entranhas, um acalanto,
do coração, um venerável canto,
correndo o risco de se macular.
Carmen Lúcia
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