O Estado no Estado de Natureza


Estado de Natureza

Selma Nardacci

Os homens precisariam estudar um pouco mais de Filosofia, para entenderem o funcionamento dos sistemas e das organizações que comandam o mundo. Os grandes filósofos contribuíram para que reis e homens comuns, compreendessem e melhorassem o universo em que estavam inseridos.


Hobbes é um dos filósofos que me faz refletir sobre a realidade, que infelizmente estamos vivendo. Ele, mais do que qualquer outro, compreendeu a essência da natureza humana:"Os homens podem todas as coisas, e, para tanto, utilizam-se de todos os meios para atingi-las."


Hobbes não disse nada que eu já não soubesse. Conhecimentos anteriores a ele, confirmaram a teoria "de tudo a qualquer preço". Ele bebeu nesses textos e combinou suas idéias com o que presenciava em sua época.


Não há nada de novo, a não ser o fato de que, para gerenciar o estado de natureza; estágio onde o homem é lobo do próprio homem e não há lei, apenas a existência da vontade; a criação do Estado seria urgente e imprescindível, para conter o homem das cavernas que existe em cada um de nós.


A Filosofia se posicionou descortinando o coração do homem, afirmando que ele é mau por natureza e que todos os gestos nobres que pratica, são frutos de uma aprendizagem contínua num processo de socialização e de evolução que nunca se completam.


Todo o comportamento humano, baseado na consciência coletiva, é uma construção social, administrada pelo Estado, com leis que regulam o que se pode ou não fazer; o que é legítimo e o que é escuso.


Quando ainda no estado de natureza, os homens chegaram à conclusão de que não podiam sozinhos conter a fúria de outros homens, que lhes tomavam tudo à força, e destruíam tudo, inventaram o Estado. Que tinha como função gerenciar os conflitos, protegendo os inocentes e punindo aqueles que insistiam na prática da consciência individual que bagunçava tudo.


Aí que entra a questão dos impostos, que servem para administrar a coisa pública, sem recurso material não se tem os benefícios coletivos.


O estado usa desses recursos para financiar os serviços básicos que garantem à população o mínimo de sobrevivência, tirando-a da barbárie e colocando-a num patamar de civilidade.


Hoje estamos vivendo em um Estado de Natureza.


Hobbes, onde quer que esteja, não imaginado tal retrocesso. Pois se o Estado foi criado para conter a barbárie, não pode, de uma hora para outra, transformar-se numa besta selvagem, negando ao povo o direito ao bem comum.


O que fazer agora? Como resolver tal complicação, onde o Estado se encontra no Estado de Natureza? Voltaremos ao barbarismo, impondo a força bruta, tomando à força os bens uns dos outros, matando mulheres, crianças e pilhando os bens alheios?

Estamos experimentando o CAOS! Mas não esqueçamos que o Universo surgiu do CAOS. A cada Caos há a possibilidade de um novo Universo.

Por: Selma Nardacci

Selma Nardacci dos Reis
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