Alfa, Beta e Delta

 
Como viver nesse mundo sem fumar maconha? Foi dessa maneira que iniciei minha aula de Ensino Religioso. Alguns alunos ficaram de olhos arregalados. Mas é assim que chamo atenção deles, com frases de impacto! Então eles abandonam os celulares e começam a querer aprender algo novo: “Aonde ela quer chegar com isso? Está nos chamando de maconheiros  ou está nos prevenindo dos malefícios das drogas?
Com  os olhares atentos continuo....  Eu sei que é difícil viver nesse mundo de tanta maldade, desonestidade, miséria e tudo o mais... Se esse mundo fosse bom , Jesus não teria pedido ao Pai em sua Oração: “...que não os tires do mundo, mas que os livres do mal”. Somos rodeados por situações que nos desequilibram. O tempo todo tem alguém querendo nossa atenção, assim como eu quero a  atenção de vocês agora. Nossa mente é invadida por mensagens por vezes, subliminares que nos comandam indiretamente; notícias jornalísticas envolvendo  violência, abuso sexual, genocídio e injustiça nos tiram  o sono. Ficamos remoendo discussões intermináveis na mente o dia inteiro. Coisas que nem nos pertencem, mas que acabam fazendo parte do nosso universo  povoando a nossa mente.
Temos várias divisões cerebrais que estão em estudos científicos constantes. Estudar a mente é algo tão complicado que não daríamos conta em poucas gerações. Entre as divisões, existem três,  que são chamadas de Beta, Alfa e Delta.  A parte que ocupamos com os problemas, as discussões, a raiva, o medo e tudo o que nos atormenta é chamada de Beta.
O uso e a procura de drogas está relacionado  à questão de que as pessoas estão deixando a área Beta do cérebro ocupada o tempo todo. Não tem como ficar o tempo todo no Gólgota. É preciso intercalar momentos de pressão com circunstâncias agradáveis. Então como fazemos para sair de momentos conflituosos e atingir a paz interior? A resposta está justamente em outra área do cérebro que podemos ativar, como a parte  Alfa. E quando digo que podemos ativar, significa que precisamos aprender a usá-la. Isso é fácil de provar, basta-nos lembrar que de uma hora para outra podemos sair da tristeza para a alegria.  Já experimentamos muitas vezes essa troca rápida de nossas energias mentais. Quando estou triste por alguma coisa, que às vezes , nem sei o motivo, começo a visualizar momentos prazerosos e a tristeza vai abrindo espaço para outras emoções.  Temos capacidade natural de entrar em estágios de relaxamento mental e atingir o êxtase. Esse êxtase é a mesma sensação que os drogados sentem. E como eu sei disso?  Sei disso,  porque  a ciência tem confirmado que quando buscamos atingir a paz através desse mecanismo, substâncias são produzidas e espalhadas na corrente sanguínea que nos dão sensações comparadas às que  os usuários de produtos químicos experimentam.
Como faço isso? Não é difícil e é preciso que se ensine. Temos um problema sério no Brasil. As pessoas querem que aprendamos as coisas, mas não nos ensinam como fazer. Fica tudo pela metade. Os que sabem fazer, não ensinam aos outros. Imaginem se todos os alunos passarem a usar a parte Alfa do cérebro. Poderão atingir momentos de inteligência nunca antes pensados.  “ É melhor mantê-los na ignorância, ensinar fórmulas e fórmulas que não usam para nada.”  Então, para não ficar só no blá,blá,blá... Entrar em alfa é procurar um lugar reservado, sentar-se comodamente, pedir aos integrantes da casa que não o incomodem, fechar os olhos,  sentir a respiração até que ela fique levinha só na parte do nariz. Esvaziar a mente de todo o Beta, não pensar em nada. Respirando, respirando. A sensação é que os olhos estarão abertos na parte de dentro da cabeça, embora estejam  fisicamente fechados. É um exercício que, por vezes, achamos que é  besteira  e que não dá em nada. Mas a constância em tudo aquilo que fazemos é que nos leva à perfeição.  De tanto treinar, acreditar, e manter o foco nesse exercício, haverá  o momento tão esperado,  de grande luz, uma explosão de paz e alegria interior, algo intangível, imaterial, incomensurável.
Quanto ao Delta, somente seres iluminados conseguem atingir, pois seria a perfeição daquilo que buscamos. O bem maior, a pureza da alma, o nirvana. Quando atingirmos esse patamar, seremos iguais a Jesus, a Buda e outros seres iluminados. É possível. O próprio Jesus disse: “ Vós sois deuses... Podem fazer as mesmas coisas que eu faço.” Então por que não fazemos? Porque quando atingimos o  Alfa ficamos tão maravilhados, olhando o  quanto  subimos na escada,  que  esquecemos  que existem outros degraus a serem explorados. 
“Então a aula acaba e a aluna faz uma pergunta.”  “Professora, por que os nomes Alfa, Beta e Delta?”  Respondo como instinto: 
- São letras gregas que ajudam a denominar coisas que consideramos importantes, não apenas nominar, mas enumerar. Lembra da frase: “Ele é o Alfa e o Ômega. O princípio e o fim. Alfa é a primeira letra do alfabeto e Ômega a última. Temos a ideia de infinito. Seria dizer de A a Z. Entendeu?
-  Entendi... Mas  se Delta é um estágio maior que Alfa, no sentido de perfeição, ele não teria que ser o primeiro na ordem alfabética grega no sentido de importância?
- Olha não tenho resposta para isso agora. Mas, algo, não sei bem  o quê, está me  dizendo que  Alfa é a parte que podemos chegar, seria a nossa parte humana, que se encontra entre Alfa e Delta. Deixa eu explicar melhor. Alfa, Beta e Delta. Para atingirmos o Delta, a nossa divindade interior,  temos que vencer o Beta. Grotescamente falando, entre o humano e o divino existe o Beta, para nos provar, nos testar. E se o Beta não existisse não precisaríamos de Alfa e Delta. Mas não posso confirmar isso, é apenas uma sugestão.
 
Selma Nardacci

 
 

Selma Nardacci dos Reis
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