Grande parte do que o ser é, baseia-se em sonhos...

As fantasias e metas traçadas pela infinita ideologia.

O que fazer, entretanto, quando a causa íntima é tão vazia?

Quando não se prevê a meta de vida e os dias são tristonhos?

 

Não sei dizer se o que eu sou decaiu em marasmos medonhos

Ou se minh'existência está fadada a ser sombria.

Há um receio interior, uma desconfiança, estranha agonia,

De que não vislumbro um futuro em meus pesares enfadonhos...

 

Pressinto que não tenho em mim nada, senão a morte...

E vejo tudo em ruínas e destruição: sinas de uma negra sorte,

Onde tudo se desmancha nos calafrios da excruciante dor...

 

Meus sonhos, talvez, sejam os do aniquilamento supremo.

De possíveis amanhãs mortos, nos quais não tremo,

Posto que a decadência é que sugere este meu íntimo terror...