Alimento minha amada
com pão de queijo e chocolate
e mel e rosas
e bilhetinhos no criado-mudo
Ela é feliz e tem celulite
mas lava a roupa
e lava a louça
e varre a casa
e canta
Uma mulher de Adélia Prado
Até que um dia chegam as feministas
e dizem:
- Ela não pode ser feliz assim!
- Mas sou! - diz minha amada.
- É explorada!
- Faço com gosto! - diz minha amada.
- Esta mulher precisa ser libertada! - dizem as feministas,
dirigindo-se à plateia
e arrebatando-me a mulher dos braços.
E minha amada
é carregada em triunfo
pelas avenidas da cidade.
Não sem, de quando em quando,
olhar furtivamente para trás.
Geovani Bohi Goulart
© Todos os direitos reservados
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