Erigimos torres de altruísmos hipócritas,

E no fim, olhamos apenas para os próprios narizes...

 

Inevitável é julgar, mas com que direitos?

(Senso moral humano? Mas é tão falho!).

O outro é a maçã podre e eu a madura,

Porém me esqueço (ou ignoro) que a maturidade

Precede a podridão.

 

Apontamos dedos, os quais são facilmente quebrados

Para as faces de pessoas que mal conhecemos

E criticamos e ofendemos.

(Tão humano! Quem nunca fez isto!?).

 

Nos sentimentos, também somos seletivos:

Amamos as esbeltas maçãs e as demais são podres,

Mesmo que não estejam.

Um dia escolhemos, no outro, somos descartados.

Como nos sentiremos, então?

 

Ah! Como é duro conviver com meus semelhantes juízes!

(E também eu sou um juíz, gostando ou não!).

Já fui jogado fora, assim como já atirei ao diabo outras maçãs.

Como encarar os meus convivas sem me envergonhar?

Como ser eu mesmo sem alguém para me julgar?