Morto! Estás podre e gélido, prenhe de vermes e bactérias!

Um corpo composto de carne sempre há-de encarar este destino!

E morrer é como ser enforcado com seu próprio intestino:

Causa pavor bruto esta experimentação do fim de todas as matérias!

 

Eu saúdo o fogo, pois não desejo ser enterrado no fértil solo,

Para contaminá-lo com a mácula de meu ser. Transformem-me em pó!

Queimem-me em algo mais quente do que lava, não tenham dó!

Espalhem minhas cinzas imundas entre o hemisfério e o polo!

 

Empurrem meu cadáver para este infernal, ígneo crematório

E cuspam no que fui, cheios de nojo durante o meu velório,

Pelo homem sem amor e ínfimo que, sem vida, apenas existiu...

 

Incinerem cada pedaço de carne, cada nervo, todos os ossos,

Para que não restem dúvidas sobre meu fim e nem destroços,

Estando assegurados, portanto, que a chama da morte me consumiu!