Pais e filhos

Privilegiados aqueles que se doam
Desmedido amor 
Fraterno, paterno, maternal.
Incondicional.
Raridade que a vida cobra do bem que se recebe
E da gratidão que fica às mãos que embalaram
Além do berço, os sonhos 
O balbuciar dos primeiros sons
No ritmo descompassado ensaiando os primeiros passos
E os braços que na queda eminente amparam.

Os pais são esteio,
Um norte no meio do nata
A bússola na longa estrada.
A mãe é um anjo da guarda
O pai um  herói camuflado
Que da vida pouco anseiam 
Senão o bom caminhar do filho amado!

O tempo passa, amadurece
Endurece corações ou enaltece as vaidades
A partida é certa, em uma hora inexata
A criança cresce e renasce em outra morada.
O pai envelhece , a mãe enfraquece
Na incerteza das horas, quase se invertem 
Na cinza dos cabelos brancos.

A solidão clama o efêmero retorno
Das horas insones e noites em claro
O amor mudo grita desesperado
 Pelo amado filho que sustente as fraquezas
Na presença pródiga e voluntária
Da sua mais longa jornada.
  A vida em breve se finda, como uma chama que se apaga.


Ps: Solitária é a estrada das abstrações!

Luciana Araujo
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