O poeta chora...

E o poeta chorou…
Chorou pelo que podia ser
e não foi…
Por tudo que cultivou
e não deu…
Pela flor que poetizou
e morreu.

Chorou pela insensatez,
pela aridez que se assolou,
pela pequenez que se inflou,
combalido mais uma vez
por ter perdido o sentido
tudo aquilo que fez…

Pela “esperança equilibrista”,
pelo fim do show do artista,
pela crueza fria que se estabeleceu,
pela paz que o mundo, um dia, 
creu.

Chorou convulsivamente 
de uma só vez…
Como uma criança
que sem nada entender
precisa, de repente, crescer,
castigada pelo que não fez,
esquecer a bala que a amargou, 
encarar o mundo mau que hoje se instalou.

E o poeta chora…
Fora vencido nessa hora.
Chora por mim, por você,
pelo que sonhou…
As lágrimas são palavras
que não quer dizer
agora.



_Carmen Lúcia_