Lá fora a chuva cai sem temer o que encontra
Desejo que ela me acaricie a alma em desassossego.
Que refresca a minha pele entristecida pelo Fado,
Que me lava o peito das cinzas ainda em delírio.

Quero dialogar apenas com a chuva,
Deixa-la acariciar os meus cabelos, a minha pele.
Quero que ela percorra cada milímetro do meu corpo,
Que me alimente a dor da incompreensão.

Só a chuva, só o vento poderão levar os sentimentos
Só as gotas que o céu timidamente liberta como lágrimas,
Irão acalmar o meu peito, que rejuvenesce,
Que se alimenta das mágoas da escuridão da noite.

Permite-me, deixa que a água percorra o meu corpo.
Que este se arrepie, que desperte para a Vida
Deixa-me aqui, a escutar, a sentir a delicada chuva.
Deixa-me encontrar a saída deste labirinto.

Liliana Rosa

Liliana Rosa
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