Desesperança

Como é possível ir tão longe
Me faço essa pergunta todos os dias
Tentando isolar-me como um monge
Procurando a explicação pra essa agonia

O discurso das segundas chances
A promessa que tudo vai melhorar
Somado ao anseio de mudanças iminentes
Criando uma fantasia impossível de se alcançar

Implacável como a língua afiada
A realidade suplanta a emoção
Pois o transbordar de tantas perdas
Sobrecarrega e mata qualquer coração

Será que ainda haverá retorno
Afinal são muitos erros a perdoar
E as belas palavras nem de longe
Têm conseguido essa dor atenuar

Ainda hoje olho para o céu
Como fazia a anos atrás
E a diferença entre o ontem e o hoje
É que não consigo acreditar mais.