SEM LENÇO E COM DOCUMENTO

 
 
É Cae, não dá mais prá caminhar contra o vento, ele tá forte  que  só entre esse ano e o  passado causou uma desgraceira danada. Sem documento nem se fala, hoje em dia  apresentamos dois documentos, um para comprovar a veracidade do outro,  sendo  o titulo de eleitor que agora dispensa foto o mais execrado,  usamos num determinado dia e xingamos nos quatro anos subsequentes , agora lenço vá lá,  esta praticamente fora de uso, nem serve mais para enxugar lagrimas, papel agora de toalhas e lenços descartáveis. Quanto ao sol de quase dezembro tá quente demais, melhor ir pela  sombra e com protetor solar (No seu tempo havia?).
O sol e agora a lua também continua se repartindo em crimes e haja bandidos. Espaçonaves? É Cae, quase dois anos depois de sua musica o homem pisou na lua e fincou lá a bandeira americana para extraterrestre ver, coisa que muitos ainda duvidam.  Ônibus espacial tripulado e estação orbital  representam o avanço espacial hoje  e Ernestito, o popular  Che Guevara,  veio a Bolívia para fomentar umas guerrilhazinhas, deu-se mal,  tem estatua e status de santo onde foi finado   e seu sonho guerrilheiro sepultado. As cardinales bonitas de olhos maravilhosos foram substituídas pelas  popuzadas, a maioria delas siliconadas ao extremo, cheias por fora e  sem nada na parte interior da cabeça. Mas vamos.
Ainda há  caras de ditadores, presidentes, primeiras e primeiros ministros e até presidentas,  com beijos de amor entre pessoas do mesmo sexo contrariando os homo fóbicos. Que dentes que nada,   houve ano que a dentadura foi apresentada como sucesso de um plano econômico, acredita? Que pernas Caê? Há coisas melhores a se ver e a moda agora são corpos femininos devidamente quase despidos em exibição constante na busca de um lugar ao sol ou até de  outros lugares, quem sabe? Bandeiras  são muito vistas em partidas de futebol e  a temida bomba de ontem é um reles estalo de festa junina frente a carga  das ogivas atuais. Brigite Bardot, a linda francesinha de “...E Deus Criou a Mulher” é hoje uma veneranda senhora que cuida de direitos dos animais.
Muita coisa enche o brasileiro de alegria: Futebol, carnaval, feriado prolongado, ponto facultativo, birita, ócio, etc., etc. A preguiça, herança cultural  desde o descobrimento da Mãe Gentil continua muito popular , imagine que tem gente enjeitando trabalho formal com salário digno para não perder o bolsa família, pode isso S.r. Veloso? Não lemos mais noticias, as assistimos, é só ligar a TV e está o “Da Antena”, “Amarelo Reacende” e outros para que não esqueçamos as desgraças diárias, as vezes com o humor negro digno de novelistas policiais. E vão mostrando pequenos furtos, grandes furtos, corpo na mala, estupros, etc., a fila é longa. Depois vem os que cassam a presidente, os que não cassam,  delatores e...chega.
Fotos há demais homem de Santo Amaro, tem o tal de selfie que é uma festa, o fotografado mesmo se enquadra e dispara a câmera, uma gloria. Os nomes continuam em constante invenção materna e paterna e é raro hoje um pimpolho chamar-se Caetano, Francisco, Manuel, José, mais ou menos assim. Existe, na maioria das vezes,  adição de um segundo nome para dar mais personalidade ao garoto,  como José Manuel, Francisco Caetano para complicar a vida da criança já que vão chamar o cidadão de Zé ou Chico mesmo, isso quando não se apossam de um estrangeiro impronunciável. Os olhos estão mesmo cheios de cores, tem a tal de lente de contato que os  deixa verdes, azuis, pretos, etc., mesmo quando  são de um castanho desbotado sofrível. Há, contudo, muito cidadão de olho roxo e não é fruto de lentes não, para esse tipo de cor o festival de lutas de todos os tipos devidamente promovidas, televisadas e reprisadas, com direito a links na internet  tem contribuído bastante. E continuamos indo.
Sabe Caê, nem sei se elas pensam em casamento, as coisas agora são  diferentes, casa-se hoje, descasa-se amanhã, troca-se a parceria, há toda qualidade de ficante, fiquei com fulana, fiquei com beltrano, já houve a tal  amizade colorida mas acredito que quando viram  a coisa  preta desistiram da ideia. Há pais de muitos filhos mas nunca filhos de muitos pais. O ensino fundamental sucateado, a rés do chão e não há mesmo muita gente indo a escola para fazer o necessário: Educar-se. Muitos pais já nem acompanham a educação dos filhos que vão a escola para não aborrecer a mãe que nem voz ativa tem contra eles e, sem motivação, na sala de aula atocham o fone no ouvido e passam a ouvir o funk  do momento mas já possuem um documento: O RG escolar.
A Coca-Cola de ontem não é a mesma de hoje, nem  é tomada como antigamente, a concorrência mudou seu status, muitos já a evitam, mas valeu, né, penso que pelo menos para você Não existe mais canção que console nos dias de hoje, é um amontoado de letras musicais cheias de lugar comum principalmente as mais populares, tem o tal de sertanejo do Paraguai que é mestre nesse quesito. Acredita Caê que o refrão que diz “bará, bará, berê, berê”, fez sucesso? Um tal de “tchê, tchê, tchê, tchê, tche, tchê” também? Que será que eles quiseram dizer com isso? Livros até temos e bons autores, faltam é leitores, corre-se de uma leitura, como dizia-se antigamente (No seu tempo, lembra? ) como Diabo corre da Cruz. Prefere-se a imagem nas telinhas ou telões ao invés de viajar pelos escritos e formar mentalmente imagens extraídas dos textos com as pinceladas e matizes por nós imaginadas, pura magia e deleite. É Cae, condenamos assim nossa mente  privilegiada a atrofia.
O fuzil está   ensarilhado com muita gente torcendo para que ela saia da letargia, por incrível que pareça o sonho de um governo militar já ronda o sono de muita gente. É, grande baiano, acham que o pessoal do Foro de São Paulo anseia um regime de esquerda  bolivariano no Brasil e tem gente cultuando a ideia de controlar os meios de comunicação, fazendo exatamente o que fizeram com você, o Gil e outros  pela discordância com o sistema da época. Voce é a favor  da medida? Verdade seja dita, o sujeito pode até viver com fome, mas nunca sem telefone no coração do Brasil. Agora tem celular Caê, até nos cafundós do Judas, as vezes nem funcionam,  mas somos um País telefonizado, tem  mais celular que gente. Junte a isso o facebook, watshapp, twitter, todo mundo fala com todo mundo, mesmo que seja desnecessário. Fome ainda tem.
Não sabe cantar na televisão? Não precisa Caê, não mais. Hoje é só a criancinha saber rebolar, melhor ainda se conhece alguns gestos libidinosos, dizer uma meia dúzia de palavras, não interessa se  de mau gosto, ser filmada e botar a ousada produção no Face book, Youtube, Google e pronto, já tá fazendo sucesso. O próximo passo da fedelha ou fedelho é a  apresentação, agora na TV,  em programas de calouro infantis, acompanhados pelos orgulhosos pais que se derramam em afagos ao prodigioso rebento e, para variar, ao garboso apresentador.
O brasileiro continua não levando nada no bolso, no pulso  e nas mãos nem anéis, nem a sagrada aliança de casado. O trem tá feio, Caê, tão levando até bijuteria, seguida de morte do assaltado. Nada como no seu tempo.
Lembro você cantando Lupicinio Rodrigues  “Felicidade foi se embora / E a saudade no meu peito ainda mora”

 
Mas ainda “Soy Loco Por Ti, América”

BUENO
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