Quando eu era criança e pedia algum brinquedo para os meus pais, ou alguma coisa de mercado, e eles não podiam comprar, me diziam:
- Não temos dinheiro pra comprar meu filho, quando pudermos a gente compra. Eu perguntava mas por quê? Porque são coisas da vida. Eles me respondiam.
Eu não entendia muito bem essa expressão “coisas da vida”. Ora, não ter dinheiro mesmo trabalhando são coisas da vida, qual é o sentido?
Essa pergunta fervilhou na minha cabeça por muito tempo. Meu pai trabalhava tanto e vivia sempre com dificuldade. Jamais nos faltou comida, mas certos brinquedos, passeios ou comidas, eram artigo de luxo.
O tempo foi passando, fui ficando mais velho e comecei a perceber o real sentido dessa expressão.
Embora tivessem poucos recursos financeiros, meus pais dedicaram suas vidas para nos criar, educar e dar o melhor que podiam oferecer. Abriram mão de certos prazeres por nós. Deixaram viagens a fazer por nós. Ocuparam-se de preocupações por nós.
Daí percebi que ser pai ou mãe, é dedicar suas vidas aos filhos. Se privar de muitas coisas por eles. Então quando eles me diziam que eram coisas da vida, queriam dizer que as “coisas” éramos nós, os filhos, e a “vida” eram as deles para nos oferecer.

 
Ainda não sou pai, mas sei como agir quando tiver um filho, afinal, são as melhores coisas da vida...

São Paulo, 19 de abril de 2015.

Carlos Eduardo Fajardo
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