Barco desgovernado

Barco desgovernado

Segue no mar agitado o barco desgovernado.
Condenado por seus impropérios,
abusos desmedidos, despautérios…
Ancora agora sua proa à toa,
em portos mal definidos,
cascos e convés destruídos,
fétidos refúgios mal vistos…

 
Poderia ter transportado sonhos,
seguido a rota do sol,
despejá-los ali,
bem na linha do horizonte
onde o céu se encontra com o mar
em noite linda de luar.
 
 
Poderia ter carregado esperanças,
seguido a trilha iluminada das estrelas
e mesmo que nunca pudesse vê-las
refletir seus rastros de alegria e cósmica poeira
no tapete de um mar repleto de ilusões
vendo os sonhos navegarem a imensidão.
 
 
Ter ido e vindo, militante do bem, 
combatente do mal(u),
ter sido um elo entre verso e universo,
avanço e progresso,
vitória e conquista,
ética e nação.
 
 
Içar a vela que não se rebela,
o orgulho de seu comando... mas não.
Preferiu o caminho dúbio da ambição,
manchando de vermelho sua bandeira…
 
 
Hoje, agoniza na areia.
Seguiu o canto da sereia.
(Carmen Lúcia)