Duas palavras escapam todo dia de meu coração
entram terra adentro da cidade que vejo
da janela do apartamento
abraçam pessoas que vão aos mercados
e se sentam nos bancos da praça
palavras que detestam ignomínia
e mais ainda a trapaça
escritas são com o sangue da tinta
como uma criança escrevendo
no chão
tão jovem ainda...
Uma delas digo já pois que sabe que não pode
ficar escondida como um covarde
tem a força de um espinho que conhece a rosa
e se chama docemente liberdade
enquanto a outra tem sinais de espinhas no rosto
e se parece com uma criança
que dizem nunca morrer e quer estar em cada lugar
e se chama esperança...
Uma delas anda pelas ruas a gritar a plenos pulmões
esperando ser ouvida
enquanto a outra revela que seu maior sonho
é deixar de sê-lo e se tornar
um prato de comida...
© Todos os direitos reservados