“O mundo noturno é um mundo. A noite, um universo.”
(Victor Hugo)
Vive e mora no fundo da terra,
Aonde tudo de lixo do tempo se enterra,
E conhece cada palmo daquele imundo chão,
Mesmo em meio à tamanha escuridão.
Indiferente ao infernal calor
E o pesado e fétido odor;
Alí é seu mundo
Abaixo da cidade e muito além do submundo.
À noite porém,
Da boca do esgoto sai.
Disfarçado de humano e pela cidade se vai
Como qualquer outro alguém.
Caça latinhas e papelão;
Conhece até pela sombra cada sinistro irmão,
Que com ele por vezes dorme no chão...
Pouco lhes interessa da vida qualquer definição!
Porque também deveras a noite é festiva,
Tem muita agitação;
Mas é preciso a mente constantemente ativa
E muito mais que atenta e sempre viva,
Para não morrer sozinho no meio da multidão.
O dia veio nascendo,
Meu amigo alienígena veloz pelo esgoto desceu...
Talvez com medo do Sol até se escondeu!
Sumiu, porém depois de bebado tudo me confessar,
Que como Neruda também viveu,
Por isto vive e mora em qualquer lugar,
Graças a vida e a saúde que o Senhor lhe deu.
Trilha Sonora do Poema: Yanni - Play Time
http://youtu.be/GJ-XxayOsY4
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