O Que Ainda Resta de Mim...

Ainda sou silencio, não ouso inventar a maldade,

Tenho ainda dentro de mim a sombra da verdade,

A obscurecer de tristeza a alegria da vontade,

Sou ainda escravo, sofrendo o castigo da vaidade.

 

Ainda sou solidão, e fujo com medo de viver sem viver,

Busco ainda rosas sem espinhos, não quero sofrer,

Não quero fazer poesias e imaginar o que não posso ser,

Prefiro eternamente sonhar, mas... não quero morrer.

 

Ainda sou sonho, e escondo-me assustado da realidade,

Tenho versos guardados em todos os cantos de minha individualidade,

Versos que ainda não rimam, desconexos, com imensa intensidade,

Guardo-os com carinho, esperando uma suposta utilidade.

 

Ainda sou eu, mostro tudo o que não posso esconder,

e escondo tudo o que não posso sinceramente oferecer,

Tudo sou, tudo posso, mas, me afasto a cada amanhecer,

Sou, na verdade, tudo aquilo que ainda não posso viver.

 

Claudio Jose Pinto